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terça-feira, 26 de abril de 2011

Resenha crítica do filme CRASH - NO LIMITE (2004)

Olá pessoal... No nosso curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, além de aprendermos sobre a BIOLOGIA, também aprendemos como sermos BONS PROFESSORES. E uma coisa que nos é frequentemente lembrada é que um professor jamais deve discriminar os outros. Isso é na verdade uam lição de vida... algo que é (ou deveria ser) intrínseco da moral de todos nós. Uma das nossas professoras nos pediu recentemente que fizessemos uma resenha crítica do filme "Crash - No Limite", de 2004. Então resolvi postar aqui a minha resenha. Não sei se ficou muito boa, mas procurei mostrar a essência do filme e me arrisquei a pincelar alguns comentários meus. O filme é uma ótima indicação pra toda situação e eu recomendo. Se vc também curte filmes como eu, esse é uma ótima pedida. Abraçs e espero que comentem o que acharam da minha resenha. Será que mereço um 10!? rsrs...



RESENHA DO FILME “CRASH – NO LIMITE”
Autor: Eduardo de Moraes e Sousa

"Em Los Angeles ninguém te toca. Estamos sempre atrás do metal e do vidro. Acho que sentimos tanta falta desse toque, que batemos uns nos outros só para sentir alguma coisa.” (Detetive Graham Waters – Crash)

            O filme Crash – No Limite de produção estadunidense/alemã é um drama lançado em 2004 nos EUA e que conta no elenco com estrelas do cinema como Sandra Bullock, Matt Dillon, Ryan Phillipe, Brendan Fraser e outros. No ano em que concorreu ao Oscar (2006) teve 6 indicações levando as estatuetas em três delas (melhor filme, melhor roteiro original e melhor edição). O filme Crash é contemporâneo ao pós 11 de Setembro nos EUA e mostra como as pessoas ficaram tensas e amedrontadas em meio a todo esse contexto. A base do filme é mostrar que na sociedade atual as pessoas vivem em constante sentimento de MEDO. De tanto nos depararmos no dia-a-dia com situações que nos amedrontam, acabamos nos isolando em um universo particular e criamos conceitos pré definidos das outras coisas que nos rodeiam. Esses conceitos previamente formados incluem também e principalmente de todas as pessoas que observamos. De todos esses pré-conceitos formados, o que mais se destaca na trama do filme é o preconceito racial. Mas o que torna a explanação desse tema tão especial em Crash é a forma global com que ela ocorre. Não apenas o preconceito contra os negros ou imigrantes é relacionado, mas diversas culturas são alvos desse sentimento em todo o filme; não fica apenas no velho “brancos X negros” mas vai muito além, mostrando que o preconceito racial é algo inerente apenas à cor da sua pele e que pode estar presente em qualquer situação.

            Uma dona de casa e seu marido que é procurador da Justiça, dois jovens negros ladrões de carros, um senhor e uma senhora coreanos, um dono de uma pequena loja, um mexicano que consertava fechaduras, dois detetives que também são amantes, um diretor de TV negro e sua esposa, um policial recruta e seu parceiro veterano. Todos vivem em Los Angeles e terão suas vidas entrelaçadas na trama do filme. Tudo começa quando Jean e seu marido Rick Cabot são assaltados e têm o veículo roubado por dois negros. Um deles, Anthony, é paranóico com a questão racial contra os negros e acredita que eles sempre são o alvo principal de todo o preconceito, enquanto o outro, Peter,  não acredita nessa ‘conspiração’ que flui da cabeça de seu parceiro e se mostra mais aberto a outras culturas e comportamentos, e isso gera pequenas discussões entre eles, ao ponto que em uma delas, ficam tão entretidos que atropelam um senhor coreano na estrada. Peter é o irmão mais novo do detetive Graham Waters, que investiga entre outros casos a morte de outro policial.

Em outro local, o policial veterano John Ryan e seu parceiro recruta Hansen recebem um chamado de roubo de carro e ao encontrarem um veículo parecido fazem uma blitz. O motorista é o diretor de TV Cameron acompanhado de sua esposa, Christine. Os dois passam por uma crise forte no casamento. O oficial Ryan se deixa levar por seus problemas pessoais e age de maneira imprópria ao conduzir a blitz, o que deixa seu parceiro intrigado e gera confrontos entre os dois. Após o roubo do carro, Jean resolve mudar todas as fechaduras das portas de sua casa, e aí entra o mexicano Daniel, que é rotulado como um meliante por Jean por causa de suas tatuagens e de sua origem étnica. Em outro serviço, Daniel é chamado para consertar a porta da loja de um senhor persa, e ao explicar que o problema era com a porta é mais uma vez insultado. O persa lojista não entende o que Daniel está dizendo e se irrita com isso. No dia seguinte, sua loja havia sido totalmente destruída e ele culpa o mexicano. Num momento de loucura, o senhor persa vai atrás de Daniel e por muito pouco não dispara na filha do mexicano, graças à atitude de sua filha que havia carregado a arma com balas de festim. A essa altura, o policial Ryan havia sido separado de seu parceiro Hansen, que achou melhor trabalhar sozinho. Ao ver Peter caminhando no frio, o oficial Hansen oferece uma carona ao garoto, mas por ser inexperiente em sua profissão, e após tirar conclusões precipitadas do garoto, durante uma discussão Hansen atira em Peter dentro do carro. Para eliminar as provas do crime, o recruta arrasta o jovem negro para fora do carro e em outro lugar incendeia o veículo. Em uma das rondas diurnas e por ironia do destino, Ryan salva Christine, esposa de Cameron, que se envolveu num acidente de carro.

O policial Ryan é talvez o personagem que demonstra melhor a tese central de todo o filme: sob determinada situação, as pessoas se transformam. Na primeira vez em que ele nos é apresentado, está patrulhando uma avenida e após parar o carro de Cameron ele abusa de Christine na hora da revista. Passadas algumas cenas, ele aparece salvando Christine de um acidente automobilístico. Tal acidente foi uma conseqüência indireta do abalo emocional de Christine perante a forma como Cameron lidou com a situação de abuso de Ryan. De maneira geral, todo o filme gira em torno do como nos comportamos e diferentes situações que nos testam diariamente. O filme Crash possui várias cenas marcadas pelos efeitos violentos das diversas formas de preconceito existentes na sociedade capitalista norte-americana. Em muitas delas, o diretor traça um panorama sobre vários temas sociais com os quais as pessoas diversas vezes não conseguem lidar, pois não querem se sentir responsáveis pelos efeitos potencialmente destrutivos ou frustrantes do sonho americano para a maioria dos indivíduos. No entanto, o diretor não propõe uma resposta para os temas sociais, mas sim um convite ao espectador para uma reflexão pessoal de seus valores humanistas e sociais.

A verdadeira intenção repassada nesse ótimo filme é, portanto nos fazer refletir sobre nossas ações e nossos conceitos formados. Deste modo, em vez de demonstrar o maniqueísmo característico dos discursos oficiais do governo americano, o filme expõe uma fantástica “zona cinza” e não-linear, em que as díades Bem/Mal, Branco/Negro e Vítima/Algoz são desconstruídas ao longo da trama, demonstrando que pensar responsabilidades envolve uma profunda auto-reflexão do próprio modelo civilizacional das relações sociais. Para fins do processo de formação pessoal e profissional, Crash – no limite, veio acrescentar que não se pode julgar os outros apenas por suas características fenotípicas, como ter tatuagens, ter determinada origem social ou étnica. Qualquer forma de preconceito deve ser evitada e todos estamos expostos situações semelhantes, sejamos brancos, negros, mexicanos, coreanos, tailandeses, cambojanos ou qualquer outra etnia. Conviver com as diferenças é saber viver consigo mesmo.


POSTADO por EDUARDO SOUSA  d-.-b

4 comentários:

  1. adorei a resenha e me baseei nela pra meu trabalho

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  2. valeu, pela sua resenha ela esta ótima continue assim, e um excelente filme para tal.

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  3. Nssss!!!! Cara sua resenha muito bacana, parabéns!

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  4. Olá, sua resenha está muito boa. Parabéns. Porém, não deixei de observar alguns equívocos. Por exemplo. O casal, não havia conflito na relação dos dois, pelo contrário. Na primeira cena. Estavam felizes, retornando de comemoração, devido a uma premiação. O que ocasionou o desconforto entre os dois, foi a situação da blitz. Porque ela queria que o marido tivesse uma conduta mais digna, que defendesse a sua honra. Reagisse ao abuso do policial, quando este, achou melhor, abaixar a cabeça. E a cena do Persa dono da loja e o mexicano. De fato, ele puxou o gatilho da arma e teria matado a criança, caso, as balas não fossem de festim, porém, ele não sabia disso. Ficou atônito, sem entender. Pensou que foi um milagre, tanto, que diz que menina é seu "anjo". E se parar para pensar, verá que no momento em que compraram a arma. O vendedor diz que a munição acompanhava e pediu que ela escolher que tipo queria, e mencionou que o tipo dependeria do "estrago" que gostaria de fazer. A filha do Persa pede "a caixa vermelha", e o vendedor questiona se ela sabia que tipo de munição era àquela. Ou seja, ela sabia o que estava fazendo. O pai queria defender-se de bandidos e ela não queria machucar ninguém. Bom tema para se discutir o porte de arma. Se as balas fossem de verdade, a menina teria morrido. E ele, um homem de bem, se tornaria um assassino, teria que pagar pelo erro que cometeu. Adorei esse filme.

    Abraço!

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